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A distância entre
o ideal e o real
Conheça as origens e sentidos
da palavra ‘utopia’
A utopia, enquanto ideal
de sociedade, costuma se projetar
no futuro, mas soa como um verbo
conjugado no pretérito imperfeito.
A utopia ia, existia, resistia
Utopia rima com melancolia.
Os organizadores da edição de
“Utopia”, de Thomas More, pela
Cambridge University Press, dizem
que o livro é “bastante melancólico”
melancolia
utopia
A palavra “utopia” foi cunhada pelo
próprio More, a partir da fusão do
advérbio grego “ou”, que quer dizer
“não”, com o substantivo “tópos”,
“lugar”, arrematando o neologismo
com uma terminação latina
A melancolia de “Utopia” reside
nessa dificuldade de colocar o ideal
na prática. Por isso a república mora
num não lugar. E por isso a palavra
ganhou também o sentido de
“quimera” e “fantasia”
O livro de More de certo modo
antecipou o ponto extremo a que
a humanidade chegaria no século 20,
com o advento de sociedades
pretensamente igualitárias sob
regimes totalitários
Hoje, é impossível falar
em utopia sem falar em “fim”
e “morte”. A palavra que
representa o futuro parece
mesmo ter ficado no passado
Mas para a organizadora do
“Dicionário das utopias”, Michèle
Riot-Sarcey, é preciso reivindicá-la
como forma de resistência:
“a atualidade da utopia é também
a atualidade da liberdade crítica”