A viagem adiada, o emprego sob risco, o negócio próprio sem receita, a escola sob dúvida, a possibilidade de trazer um vírus para casa cada vez que se vai ao supermercado. São situações da pandemia do novo coronavírus que criaram uma rotina formada por incertezas.
A incerteza já era um fator definidor da década de 2010 – uma sensação alimentada por dificuldades econômicas, divisões políticas, aceleração tecnológica e problemas ambientais. Intensificou-se a ausência de fixidez nos diversos aspectos da vida, algo que o sociólogo polonês Zygmunt Bauman definiu como sendo a marca de um “mundo líquido”. Até a tradicional âncora dos fatos e da verdade se soltou, à medida que a desinformação ganhou terreno.
Na crise sanitária, o futuro ficou em aberto. Tradicionais pilares de certeza, como governos, médicos e cientistas, tentam entender o que acontece quase ao mesmo tempo em que a população.
Setores econômicos e sociais ficaram à mercê da sorte. Cinco milhões de postos de trabalho foram embora entre o fim de janeiro e o fim de abril no Brasil. Quase metade dos trabalhadores da cultura perdeu 100% da sua receita entre maio e julho no país. Cerca de 38 milhões de brasileiros, os chamados “invisíveis”, terão que enfrentar um futuro incerto quando o auxílio emergencial for interrompido.
O tempo nos pregou peças, parecendo ora arrastado, ora rápido demais. A antropóloga americana Jane Guyer caracterizou nossa vivência de tempo durante a crise sanitária de “presentismo forçado”: a sensação de estar preso no presente, combinada com a incapacidade de planejar o futuro.
Abaixo, o Nexo lista cinco conteúdos publicados em 2020 que ajudam a revisitar e entender o assunto.
‘Mortes silenciosas aumentam a sensação de vulnerabilidade’
Pesquisadora na Fiocruz especializada em saúde mental em desastres e emergências, Débora Noal fala ao ‘Nexo’ sobre o impacto coletivo dos 100 mil óbitos pela covid-19 no país.
‘Na pandemia, não existe o ideal, mas existe o possível’
A psicóloga Denise Pará Diniz fala ao ‘Nexo’ sobre a necessidade de buscar sentido em meio à crise, e como o estresse pode despertar o melhor e o pior de cada um.
Previsões para um futuro incerto
A revista ‘Gama’ conversou com especialistas na ciência, na ficção e na pesquisa de tendências sobre a incerteza e o futuro.
Qual o papel do pessimismo na pandemia
Maria Julia Kovacs, livre docente do Departamento de Psicologia da USP, fala ao ‘Nexo’ sobre os benefícios e os riscos de um olhar negativo sobre a crise.
Tá ansioso, né?
Cinco conteúdos da revista ‘Gama’ que trazem pensamentos e pensamentos sobre como lidar com a preocupação gerada pelo medo, pelo novo e pela incerteza.