O aumento da informalidade do trabalho é um fenômeno antigo no Brasil e crescente em vários países, ilustrado pelo avanço do mercado de aplicativos de transporte e entrega. Em 2020, a pandemia do novo coronavírus agravou a situação. Com menos pessoas e dinheiro circulando pelas ruas, muitas empresas fecharam as portas ou demitiram funcionários, formais e informais. Considerados essenciais na pandemia, trabalhadores de apps chegaram a fazer greve no Brasil por melhores condições de trabalho.
De empregados sem registro na carteira a pessoas que trabalham por conta própria sem CNPJ, o trabalho informal já estava em alta no Brasil antes da pandemia. Após a recessão de 2014 a 2016 – da qual o país ainda não havia se recuperado antes da crise sanitária –, a criação de empregos se deu majoritariamente pela via da informalidade. Ao final de 2019, 40% dos empregos do país – mais de 38 milhões de pessoas – eram informais. Desses, quase metade trabalhava por conta própria.
A pandemia escancarou a vulnerabilidade do trabalho informal e a fragilidade do mercado de trabalho. Nos primeiros seis meses de crise sanitária, 12 milhões de brasileiros perderam o emprego. Entre eles, seis a cada dez eram trabalhadores informais. A desigualdade de renda do trabalho no Brasil cresceu a níveis historicamente altos em 2020.
O auxílio emergencial do governo amparou muitas dessas pessoas na pandemia e ajudou a conter, em parte, uma taxa de desocupação que terminou o ano batendo recorde. Com o fim do pagamento do benefício em 2021, a tendência é que o desemprego dê um salto.
Abaixo, o Nexo lista cinco conteúdos publicados em 2020 que ajudam a revisitar e entender o assunto.
Empregos informais: os mais vulneráveis à crise da pandemia
Trabalhadores sem carteira assinada respondem por 40% do mercado. Após críticas ao primeiro pacote apresentado pelo ministro Paulo Guedes, governo anuncia medidas diretas para essa parcela da população
Como ler os dados do desemprego na pandemia
Taxa de desocupação não conta a história da crise do mercado de trabalho. Entre março e maio, 7,8 milhões de pessoas perderam seus trabalhos
O aumento na desigualdade de renda do trabalho na pandemia
Números do FGV Social mostram queda da renda do trabalho no Brasil. Parcelas mais pobres da população foram as mais afetadas
‘Toda nova forma de dominação traz novas formas de resistência’
Entregadores de app anunciam paralisação de atividades por um dia em meio à pandemia. O ‘Nexo’ conversou com a socióloga Ludmila Costhek Abilio sobre o fenômeno da uberização no Brasil e o perfil dos trabalhadores
O que você quer ser quando crescer?
Entre sucessivas crises econômicas e ameaças de automação, as novas gerações terão que lidar com cenários pouco otimistas e talvez repensar seus trabalhos dos sonhos