O heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton se posicionou nesta terça-feira (28) contra a declarações racistas do ex-piloto brasileiro Nelson Piquet, que o chamou de “neguinho” repetidas vezes durante uma entrevista concedida ao jornalista Ricardo Oliveira em novembro de 2021. Apesar de ter sido publicado meses atrás, o vídeo com as falas ganhou tração nos últimos dias.
“Vamos focar em mudar a mentalidade”, escreveu Hamilton em português em uma postagem no Twitter. “É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”, completou em outra publicação na mesma rede social.
A própria Fórmula 1, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e a Mercedes, equipe de Hamilton, repudiaram a fala de Piquet.
“Linguagem discriminatória ou racista é inaceitável de qualquer forma e não deve fazer parte da sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito”, afirmou a F1 em comunicado. “A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade com Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor”, disse a entidade responsável pelo automobilismo.
“Condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória de qualquer tipo. Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora das pistas. Juntos, compartilhamos a visão de um automobilismo diversificado e inclusivo, e este episódio destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor”, posicionou-se a Mercedes
No momento em que utilizou o termo racista, Piquet estava comparando um acidente entre Hamilton e seu genro, Max Verstappen, piloto da Red Bull, ocorrido em setembro de 2021, com uma batida entre Ayrton Senna e Alain Prost em 1990.
“O neguinho [Lewis Hamilton] meteu o carro e não deixou [desviar]. O Senna não fez isso. O Senna saiu reto. O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro [Verstappen] se fodeu. Fez uma puta sacanagem”, declarou o brasileiro, detentor de três títulos mundiais.
Recentemente, Piquet, que é conhecido por falas polêmicas, tem se inserido no debate público como bolsonarista. Ele chegou, inclusive, a dirigir um carro usado para transportar o presidente no ato de 7 de setembro de 2021, que foi marcado por manifestações golpistas que pediam intervenção militar.