Dois dos policiais rodoviários que participaram da ação que matou Genivaldo de Jesus Santos por asfixia dentro de uma viatura com gás no dia 25 de maio, em Umbaúba (SE), são acusados de terem agredido e ameaçado dois jovens na mesma cidade dois dias antes. A informação foi revelada nesta quarta-feira (1°) pelo jornal Folha de S.Paulo, que conversou com os jovens e teve acesso a boletins de ocorrência.
Os policiais que participaram das duas ações são Paulo Rodolpho Lima Nascimento e William de Barros Noia. Kleber Nascimento Freitas, que participou da abordagem que levou à morte de Genivaldo, não estava na primeira ocasião. Segundo os jovens, que têm 21 e 16 anos, os agentes os agrediram com chutes na cabeça e no tronco, além de tapas.
Os dois foram abordados por estarem sem capacete em uma moto. O motivo é o mesmo usado pelos policiais para justificar a abordagem de Genivaldo no dia 25 de maio. Imagens publicadas nas redes sociais mostram que os agentes revistaram, xingaram, jogaram no chão, imobilizaram e amarraram os pés e as mãos do homem, que tinha 38 anos. Na sequência, eles os colocaram dentro do porta-malas de uma viatura e o obrigaram a inalar gás, o que causou sua morte por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda.
A Polícia Federal abriu um inquérito criminal que pode resultar em punições penais aos envolvidos no assassinato. Já a Polícia Rodoviária Federal deu início a um procedimento administrativo e criou uma comissão interventora para apurar o caso e aplicar eventuais sanções internas. Nesta quarta (1°), o Ministério Público Federal em Sergipe abriu um procedimento para apurar o caso dos dois jovens abordados antes de Genivaldo.
A Polícia Rodoviária Federal não se manifestou sobre esse caso. Com a repercussão da morte de Genivaldo, porém, eles afastaram os policiais envolvidos nas agressões. Na terça-feira (31), a direção-geral da corporação também criou uma comissão interventora em Sergipe para investigar a morte. Nesta quarta (1°), a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou a realização de uma diligência para acompanhar as investigações.