O Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo, em votação com placar de 6 votos a 5, aceitou nesta terça-feira (10) a representação da deputada Márcia Lia (PT) contra o deputado Coronel Telhada (PP) por quebra de decoro parlamentar. Telhada divulgou um vídeo no estacionamento da Assembleia mostrando uma arma de fogo, em resposta a um comentário do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na gravação publicada nas redes sociais no início de abril, Telhada aparece com uma pistola na cintura e convida o Lula para ir à sua residência. “Vai lá em casa, incomodar a minha mulher, meus filhos e meus netos. Estou te esperando lá. Você e todo o seu bando”, disse o ex-coronel da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), da Polícia Militar.
A manifestação foi uma reação a uma fala do ex-presidente proferida em 4 de abril durante um encontro na sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) sobre protestos políticos: “Se a gente pegasse e mapeasse o endereço de cada deputado e fosse 50 pessoas na cada do deputado, não para xingar, para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho, incomodar a tranquilidade dele, eu acho que surte muito mais efeito do que a gente vir fazer a manifestação em Brasília”, afirmou o petista.
A fala do pré-candidato ao Palácio do Planalto foi criticada por vários campos políticos, mas a reação mais inflamada veio de bolsonaristas. Os deputados federais Junio Amaral (PL-MG) e Carla Zambelli (PL-SP) também publicaram vídeos em que falam em pegar em armas. “Digo uma coisa pra vocês: na minha casa tem pistola”, disse Zambelli em mensagem gravada junto com sua mãe. “Se vier vagabundo aqui ameaçar a senhora e ameaçar meu filho, a senhora está autorizada a pegar a pistola e meter chumbo”, completou. A representação contra Coronel Telhada se baseia no fato de sua mensagem ter sido gravada nas dependências do Legislativo paulista.
Após receber críticas pela declaração de 4 de abril, Lula afirmou, em entrevista concedida no dia 7 de abril à rádio Jangadeiro BandNews de Fortaleza, que estava estimulando os militantes a irem até a porta dos deputados para “tentar conversar de forma civilizada”.
Telhada tem 5 sessões para apresentar sua defesa prévia. Em caso de condenação, a punição pode ir desde uma simples advertência até a cassação do mandato. Ele nega que o vídeo fosse uma ameaça a Lula. “Não há ameaça. Nenhum momento ameacei. Simplesmente disse o que faria se fosse atacado na minha residência. Quanto à arma, eu sou ex-oficial da Polícia Militar. Tenho porte de arma e não há ilegalidade alguma. Quando eu chego na Assembleia eu chego armado. Quando eu saio da Assembleia eu saio armado”, disse o deputado ao G1.
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