As negociações entre Rússia e Ucrânia avançaram nesta quarta-feira (16). Os dois países discutem um acordo baseado em 15 pontos para parar a guerra, segundo o jornal britânico Financial Times. A resolução inclui um cessar-fogo e a retirada russa do território ucraniano com a condição de que Kiev declare neutralidade e limite suas forças armadas.
Os russos continuam a exigir que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não se junte a alianças militares, como a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que une Estados Unidos e nações europeias, e que a Ucrânia prometa não sediar bases militares nem armazenar armamentos de países estrangeiros em seu território.
Cumprindo essas exigências, o país poderia manter suas forças armadas para se defender de agressões, mas que teria que se declarar neutro em outros conflitos. Como modelo de neutralidade estão a Suécia e a Áustria, segundo Dmitry Peskov, secretário de imprensa e porta-voz do Kremlim, disse ao Financial Times.
A Rússia também quer que a Ucrânia aceite a independência dos territórios separatistas de Donetsk e Luhansk, situados na região de Donbass, e reconheça a soberania russa sobre a Crimeia, que foi anexada em 2014. Os ucranianos, por sua vez, demandam a retirada das tropas invasoras de todo território conquistado por elas desde o início da ofensiva, em 24 de fevereiro.
Tanto Kiev quanto Moscou disseram que houve progresso nas negociações, mas os oficiais ucranianos permanecem céticos sobre Vladimir Putin estar totalmente comprometido com a paz, e desconfiam que a Rússia use as conversações para ganhar tempo, reagrupar suas forças e dar prosseguimento à ofensiva. Os ataques russos não cessaram durante as reuniões entre as comitivas dos dois países. Nesta quarta-feira, a embaixada dos Estados Unidos na capital da Ucrânia disse que as forças russas mataram a tiros 10 pessoas que estavam fazendo fila para receberem pão na cidade ucraniana de Chernihiv. O Ministério da Defesa da Rússia negou o relato.
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