O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (5) as regras para a vacinação de brasileiros de 5 a 11 anos. A pasta recuou da ideia de exigência de prescrição médica para imunizar crianças.
Em entrevista para jornalistas concedida em Brasília, a equipe do ministro Marcelo Queiroga expôs que crianças com comorbidades terão prioridade. Na sequência, a fila seguirá das crianças mais velhas às mais novas. O intervalo entre as duas doses será de oito semanas – na bula da vacina, a diferença prevista é de três semanas, mas o ministério afirma que a resposta imunológica é maior com intervalo mais longo.
Na ausência dos pais ou responsáveis, as crianças deverão ter uma autorização escrita para receber o imunizante. Embora o governo tenha desistido de exigir prescrição, Rosana Leite de Melo, secretária de Enfrentamento à Covid, disse na entrevista que a pasta recomenda a consulta a um médico antes da vacinação.
A aplicação da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro. Estudos com crianças mostram que a imunização com a Pfizer é eficaz e segura. Ao menos 31 países já começaram a vacinação infantil até 5 de janeiro de 2022, segundo levantamento do portal G1.
Após a aprovação da Anvisa, o governo não anunciou imediatamente a compra de doses pediátricas nem iniciou a campanha de imunização, que tem sido criticada publicamente por Jair Bolsonaro (PL). Em vez disso, o Ministério da Saúde abriu uma consulta pública à população de 23 de dezembro a 2 de janeiro. A medida recebeu críticas por atrasar o início da vacinação e por passar um tema técnico – com avaliação e aprovação de órgãos especializados – pela opinião pública.
Além da consulta, o ministério fez na terça-feira (4) uma audiência pública com o objetivo de “promover um debate com especialistas na área de saúde” sobre o tema. Convidada pelo governo federal, a Anvisa recusou a participação no evento. Na audiência, a pasta comunicou que a maioria das respostas na consulta pública foi contrária à exigência de prescrição médica.
O Ministério da Saúde estima que as primeiras doses infantis chegarão ao Brasil em 13 de janeiro. Segundo a pasta, houve 311 óbitos de crianças de 5 a 11 anos por covid-19 no Brasil entre março de 2020 e 5 de janeiro de 2022. O número equivale a cerca de uma criança brasileira morta por covid-19 a cada dois dias.