O Brasil registrou em 2020, primeiro ano da pandemia de covid-19, mais 195.965 mortes do que em 2019. O aumento de 14,9% representa o maior crescimento anual de óbitos desde 1984, aponta levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado nesta quinta-feira (18) feito a partir dos registros civis em cartórios.
Os dados mostram que os nascimentos diminuíram 4,7% de 2019 para 2020, mantendo a tendência de queda observada nos últimos anos, enquanto os casamentos recuaram 26,1% no período, percentual muito acima da média — de 2018 para 2019, por exemplo, a redução foi de 2,7%. A queda no número de matrimônios no ano inicial da pandemia é a maior desde que essas estatísticas começaram a ser divulgadas em 1974.
De acordo com o levantamento do IBGE, o país registrou 1.513.575 mortes em 2020 e todas as regiões tiveram aumento no número de óbitos. As maiores variações foram no Norte (25,9%) e no Centro-Oeste (20,4%). Depois aparecem o Nordeste, (16,8%), o Sudeste (14,3%) e o Sul (7,5%). A pesquisa não identifica as causas das mortes, mas o impacto da pandemia é evidente, segundo os autores do estudo. A maior parte delas ocorreu entre maiores de 60 anos, faixa etária mais vulnerável à covid. Além disso, 73,5% das mortes aconteceram em hospitais.
“A alta no número de óbitos observada entre 2019 e 2020 foi muito fora do comum. Olhando desde 1984, mesmo que as séries mais antigas não sejam comparáveis com as atuais, pois o índice de sub-registro era muito alto, é possível observar que nunca antes tivemos uma variação acima de 7% de um ano para outro”
Segundo os pesquisadores do IBGE, a redução de nascimentos, embora expressiva, ainda não pode ser diretamente relacionada à pandemia porque há a possibilidade de novos registros não terem sido feitos por causa do período de isolamento social, restrições à mobilidade e fechamento dos cartórios em parte de 2020.
Entre 2015 e 2016, ano da epidemia de zika, o órgão registrou queda de 119 mil nascimentos, uma redução de 5% de um ano para o outro. Em Pernambuco, o estado mais afetado pela doença, o recuo chegou a 10%. A zika teve grande impacto sobre os nascimentos porque o vírus poderia provocar microcefalia nas crianças gestadas por pessoas infectadas.
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