Membros do governo do presidente Jair Bolsonaro negaram na terça-feira (16) que a prova do Enem, marcada para 21 e 28 de novembro, tenha sofrido interferência em sua elaboração. Mais de 3 milhões de estudantes se inscreveram para o exame.
No domingo (14), servidores do Inep, órgão que cuida da execução da prova, afirmaram ao programa Fantástico, da TV Globo, que houve tentativas de interferência na escolha das questões e que técnicos foram obrigados a refazer o exame duas vezes. No início de novembro, 37 servidores do órgão pediram exoneração devido à falta de comando e acusações de assédio moral.
Na segunda-feira (15), em viagem a Dubai, Bolsonaro afirmou que as questões da prova do Enem “começam agora a ter a cara do governo” e que temas “absurdos do passado” não seriam exigidos na redação.
O ministro da Educação, Milton Ribeiro, negou na terça-feira (16) que tenha havido tentativas de interferência e acusou os servidores de terem entregado os cargos por insatisfação devido a uma “gratificação”, sugerindo que o problema era apenas administrativo. “Essas provas já estão impressas há meses e tem um banco de questões elaborado por técnicos”, disse. A associação dos servidores rebateu a fala do ministro dizendo que o Inep vive em um “ambiente de desconfiança, insegurança e de insatisfação”.
Também na terça-feira (16), o vice-presidente, Hamilton Mourão, afirmou que as declarações de Bolsonaro eram apenas uma “maneira de se manifestar”. “O Enem está baseado em um banco de dados que foi construído há muito tempo. As questões não estão variando. O governo não mexeu em nenhuma questão do Enem. Questões são feitas de acordo com a metodologia do Inep”, disse em entrevista à imprensa.