O presidente argentino, Alberto Fernández, sofreu derrota nas eleições legislativas realizadas neste domingo (14), que renovou parcialmente o Congresso. Com os resultados, o governo perdeu a maioria no Senado e contará com menos aliados na Câmara – o que vai dificultar a aprovação de projetos de seu interesse até a disputa presidencial em 2023.
A coalizão governista de centro-esquerda conseguiu reduzir o tamanho do revés registrado nas eleições primárias, realizadas em meados de setembro, que abriram uma crise dentro do governo marcada pelas diferenças com a ala da vice-presidente Cristina Kirchner. Ainda assim, esta será a primeira vez desde a redemocratização do país, em 1983, que os peronistas não terão o poder de definir a agenda do Senado. O governo de Fernández reúne correntes diferentes do peronismo, movimento que nasceu na década de 40 com o ex-presidente Juan Domingo Perón.
Na Câmara, apesar de o governo ter mantido a maioria das cadeiras, sua vantagem diminuiu – serão 118 deputados governistas contra 117 da oposição, até o início da tarde de segunda-feira (15), quando a apuração estava perto de se encerrar. A coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, do ex-presidente Mauricio Macri, liderou em importantes distritos eleitorais como Buenos Aires, Santa Fé e Córdoba. Com cinco cadeiras, a extrema direita chegou pela primeira vez ao Legislativo nacional desde a redemocratização.
A participação no pleito foi de 71%, o menor percentual desde o retorno da democracia, na década de 80. A Argentina lida com uma crise de inflação e deverá, nos próximos meses, buscar um acordo de refinanciamento de dívidas com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para estabilizar a economia.
Após o término da votação, Fernández felicitou os argentinos por sua participação pacífica nas eleições e disse que se abre uma nova etapa para o país. O mandatário também afirmou que governará para todos e que espera que a relação com a oposição dê-se a partir de um “diálogo construtivo” capaz de potencializar a democracia argentina.
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