Caminhoneiros realizaram manifestações pró-governo na quarta-feira (8) em rodovias federais de cerca de 15 estados, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Um comunicado divulgado no fim da tarde pelo Ministério da Infraestrutura contabilizou 67 ocorrências de concentração de pessoas ou tentativa de bloqueio total ou parcial das rodovias. No fim da manhã de quinta-feira (9), o movimento parecia estar diminuindo, com protestos em 14 estados e bloqueios em 5.
Assim como os atos antidemocráticos de 7 de setembro, a pauta dos caminhoneiros é pró-governo Bolsonaro e faz ataques ao Supremo Tribunal Federal. Os motoristas também reivindicam a redução do preço de combustíveis e de impostos. Sem apoio formal de entidades de transporte, muitos são ligados ao agronegócio.
O presidente Jair Bolsonaro pediu numa mensagem de áudio na quarta-feira (8) que os caminhoneiros parassem com os bloqueios para não prejudicar a economia. Nesta quinta-feira (9), reservou um horário na sua agenda para se reunir com representantes da categoria.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, empresas monitoram o movimento e seus efeitos no fornecimento de produtos. Paralisações foram registradas em rodovias do Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Maranhão, Paraná e Santa Catarina, entre outros. As estradas catarinenses tiveram a maior quantidade de ocorrências, segundo a Polícia Rodoviária. Na quarta (8), havia relatos de postos com falta de combustível em partes do estado.
Caminhoneiros também se reuniram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com bolsonaristas que continuaram acampados na capital federal após os atos de 7 de setembro. Segundo a Folha, na quarta (8) havia cerca de 100 caminhões no local. Do alto dos veículos, os manifestantes falaram em fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) e prisão dos ministros. Na quinta (9), caminhões começaram a se retirar do local.
Fragmentada e sem uma liderança única, a categoria está dividida em relação ao governo em 2021. Entidades de caminhoneiros, como a Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores) e a CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística), informaram que não participam e não apoiam os atos de paralisação desta quarta-feira. Elas já haviam declarado que não apoiariam as manifestações de 7 de setembro, e que a pauta não representa a categoria. Em 2018, durante o governo de Michel Temer (MDB), uma greve de caminhoneiros praticamente paralisou o país por dias e ficou marcada por incluir pontos latentes do bolsonarismo.
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