A 72ª edição do Emmy, principal premiação da TV americana, aconteceu no domingo (20), sob o comando do comediante Jimmy Kimmel, numa cerimônia parte presencial, parte remota, em razão da pandemia do novo coronavírus.
O principal prêmio da noite, o de Melhor Série Dramática, foi dado a “Succession”, série da HBO que fala sobre os jogos de poder de uma família dona de um grande conglomerado de mídia e entretenimento.
Os protagonistas de “Succession” são os membros da família Roy. A trama tem início quando a saúde do magnata octogenário Logan Roy (Brian Cox) é abalada e seus quatro filhos começam a tentar ascender dentro da hierarquia da empresa, para se eleger como sucessor do pai.
As disputas revelam herdeiros titubeantes, de competência e caráter questionáveis, lidando com as transformações da era digital.
A inspiração para ‘Succession’
Criada pelo roteirista britânico Jesse Armstrong (“Black Mirror”), o projeto original era de um filme sobre a família Murdoch, principal acionista do News Corporation, conglomerado que tem entre suas propriedades os jornais The Wall Street Journal, The Sun, The Times, bem como a editora HarperCollins.
Até 2019, o News Corporation também tinha entre suas propriedades a 21st Century Fox – empresa que comandava os estúdios de cinema 20th Century Fox e os canais de TV Fox –, que acabou comprada pela Disney pelo valor de US$ 71,3 bilhões.
Sem encontrar nenhum interessado pelo roteiro de seu filme, Armstrong refez o projeto no formato de série e, além de se inspirar na família Murdoch, incorporou na trama e nos personagens elementos das famílias Redstone (proprietária da Viacom CBS) e Sulzberger (que controla o jornal The New York Times).
O desafio narrativo de ‘Succession’
De acordo com o roteirista, um dos principais desafios de “Succession” é fazer com que o público em geral entenda as complexas estratégias de negócio e as dinâmicas de poder de um conglomerado.
“É difícil acertar esse mundo e deixar ele compreensível ao mesmo tempo”, afirmou o roteirista ao jornal The New York Times em agosto de 2019. “O público precisa sentir que está dentro desse mundo sem que precisemos explicar todas as nuances”.
O cineasta Adam McKay (“A grande aposta”) se juntou a Armstrong na empreitada e, em 2017, a HBO oficializou a produção de “Succession”.
A recepção da crítica a ‘Succession’
Desde a estreia, em junho de 2018, “Succession” tem sido elogiada pela crítica especializada. No Rotten Tomatoes, que reúne críticas de sites, jornais e revistas do mundo todo, a primeira temporada tem 88% de aprovação; a segunda, 97%.
Em 2019, “Succession” já tinha sido indicada ao troféu de Melhor Série Dramática no Emmy, mas perdeu para “Game of Thrones”, também da HBO.
Em 2020, além do grande prêmio, a série também levou os troféus de Melhor Roteiro em Série Dramática, Melhor Direção em Série Dramática e Melhor Ator em Série Dramática (para Jeremy Strong).
A entrega do Emmy em meio à pandemia
Com a pandemia do novo coronavírus, o Emmy teve que adaptar sua cerimônia. Apresentada diretamente do estádio Staples Center, em Los Angeles, a premiação teve o comediante Jimmy Kimmel sozinho no palco.
Os indicados de todas as categorias estavam em suas casas. A entrega dos troféus foi feita de duas formas.
Em algumas categorias, havia funcionários da Academia de Artes e Ciências Televisivas dos EUA na frente da casa de todos os indicados. Quando o vencedor era anunciado, sua estatueta era entregue; nos endereços dos demais concorrentes, os funcionários batiam em retirada. Já em outras categorias, os indicados receberam caixas surpresa e apenas uma delas continha o troféu.
Com exceção dessas duas dinâmicas, a premiação não teve grandes novidades e tudo funcionou de maneira parecida com os anos anteriores – com exceção da plateia, vazia. Monólogos cômicos, participações especiais por vídeo e esquetes integraram a cerimônia.
Outros destaques do Emmy 2020
Nas categorias ligadas às séries de comédia, a grande vencedora do Emmy 2020 foi “Schitt’s Creek”, sitcom canadense que conta a história de uma família rica que perde toda sua fortuna e precisa se adaptar a uma nova realidade. A produção estreou em 2015 e teve seu episódio final exibido em abril de 2020.
Nas minisséries, “Watchmen”, também da HBO, teve destaque, levando quatro estatuetas, incluindo Melhor Minissérie e Melhor Atriz em Minissérie (para Regina King).
“Watchmen” é uma continuação da HQ de Alan Moore e Dave Gibbons publicada em 1986, que explora qual seria o impacto sociopolítico da existência de super-heróis e vigilantes mascarados.