“A última ceia”, de Leonardo da Vinci, concluída no final do século 15, é uma das obras de arte mais célebres da história. Ela retrata a cena bíblica em que, durante uma refeição com seus 12 apóstolos, Jesus Cristo revela que um dos presentes irá traí-lo, um dia antes de ser crucificado.
Feito com tinta a base de água e pintado em uma parede, o original de Da Vinci se deteriorou bastante com o tempo. Cerca de 20 anos depois da conclusão da obra, alunos do pintor produziram uma réplica com tinta a óleo, mais duradoura. Graças à cópia, atribuída a Giampietrino e Giovanni Antonio Boltraffio, o trabalho de Da Vinci pôde ser apreciado posteriormente.
A Academia Real das Artes britânica e o Google colocaram no ar uma imagem de altíssima resolução da réplica, que permite observar seus detalhes. O quadro faz parte da coleção da Academia Real, em sua sede em Londres, atualmente fechada para visitação pública por causa da pandemia.
Os detalhes na versão digital
A reprodução digital permite observar detalhes como os pés de Jesus Cristo, que não aparecem mais no original de Da Vinci, ou o saleiro caído ao lado do braço de Judas Iscariotes, alusão à superstição europeia de que sal derramado é um mau presságio.
Em nota sobre a obra, a Academia Real afirmou que “a genialidade de Leonardo Da Vinci está muito mais evidente na cópia”. “Os apóstolos estão dispostos em quatro grupos de três e há muitas interações sutis entre as figuras. Da Vinci acreditava que os gestos eram muito importantes para contar a história”, afirma o texto.
Há um passeio virtual guiado pela instituição que revela os detalhes citados, mas o usuário também pode fazer sua própria exploração em outra página. Também é possível fazer uma visita online ao museu.
A história da obra
“A última ceia” foi encomendada a Da Vinci como parte de um projeto de reforma do Convento de Santa Maria delle Grazie, em Milão, na Itália. Ludovico Sforza, duque de Milão, patrono de Leonardo, era o responsável pelo projeto.
Instalada originalmente no refeitório do convento, a cena retratada na pintura está em Evangelho de João, 13:21. Ao longo dos séculos, a obra ficou sujeita a danos e ao descaso. Uma reforma na sala arrancou a parte inferior da pintura, incluindo os pés de Jesus Cristo. Quando invadiu Milão, no final do século 18, o general francês Napoleão usou o refeitório do convento como estábulo.