O site Medida SP, criado pelo urbanista Bernardo Loureiro, fez um mapa mostrando todos os lugares da cidade de São Paulo em que os Correios não entregam encomendas de forma regular. São as chamadas “áreas de restrição de entrega”, consideradas áreas de risco. Nestas regiões, pacotes podem chegar até sete dias mais tarde ou não chegar na porta de casa – nestes casos, a pessoa precisa ir até uma agência dos Correios recolher a correspondência.
Segundo os Correios, as restrições existem para garantir a segurança do entregador e do pacote quando há altos índices de assaltos na região. Apesar de o Medida SP falar em “cartas e encomendas”, a empresa afirma que a restrição só vale para pacotes, que, por serem mais valiosos, são possíveis alvos de assaltantes.
De acordo com o levantamento do Medida SP, a maior parte das áreas de restrição dos Correios estão no Rio de Janeiro e na região metropolitana de São Paulo. Também há uma concentração na Bahia.
Distritos afetados
Na cidade de São Paulo, as áreas chamadas de “entrega interna”, em que o destinatário precisa buscar a encomenda na agência, ficam nas zonas Norte e Leste. Entre os distritos mais afetados estão Vila Jacuí, Lajeado, Itaquera e Vila Curuçá.
Já as áreas com “entrega diferenciada”, em que o prazo para entrega é maior, estão localizados nas zonas Norte, Leste e Sul. Um exemplo é o Capão Redondo, em que 90% da área é classificada assim.

O mapa é importante porque, de acordo com o site, dados sobre áreas de risco só são disponibilizados pela Agência de Correios e Telégrafos em um arquivo em formato de texto (PDF), e não em forma de mapa. O documento tem 467 páginas. Isso, afirma o Medida SP, dificulta a visualização e prejudica a transparência das informações. O mapa interativo está disponível no site do projeto.
Procurada, a empresa de Correios afirmou ao Nexo que as restrições existem por motivos de segurança. A empresa afirmou que reavalia periodicamente os índices de segurança das cidades para verificar se as áreas podem ser incluídas em procedimentos normais de entrega, mas que só seria possível normalizar o serviço se houvesse mais segurança – o que é responsabilidade do Estado.
Os Correios dizem ainda que entregas específicas podem ocorrer com escolta armada, o que explica a necessidade de um prazo maior. Segundo a empresa, os clientes são avisados sobre as restrições e têm ainda a opção de escolher um endereço mais cômodo para retirar as encomendas (perto do trabalho, por exemplo).