No dia 10 de maio de 1968, um grupo de pelo menos 20 mil estudantes franceses ergueu barricadas feitas de carros virados, carteiras e outros móveis destruídos, transformando o Quartier Latin, bairro estudantil da região central de Paris, numa espécie de ilha ou de território autônomo em relação a todo o restante da capital.
A divisão, criada fisicamente pelos destroços acumulados ao longo de dias de protestos e de enfrentamento com a polícia, era, em si, a representação tangível de outras divisões, muito maiores e mais profundas, que mantinham os protagonistas daquela geração em confronto aberto com os valores dominantes da sociedade de então.
As barricadas do Maio de 1968, em Paris, representavam a separação irreconciliável de duas gerações, de pais e filhos, a separação moral da sociedade e dos costumes, entre conservadores e liberais, e, por fim, a separação política e econômica de boa parte do mundo, entre comunistas e capitalistas, no auge do enfrentamento ideológico entre esses dois blocos, personificados pelos Estados Unidos, de um lado, e pela URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), de outro, com dezenas de outros países, movimentos e personalidades orbitando ao redor.
De Paris, o movimento se espalhou pelo mundo, e, após 1968, pelo tempo. Para entender a dimensão dos eventos daquele período e sua influência sobre o presente, é preciso percorrer a linha do tempo, conhecer seus protagonistas e também as críticas às pretensões dos que falaram em nome daqueles protestos, que agora completam meio século.