Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunistas cedem seus espaços para refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. Quem escreve é o físico e professor da USP (Universidade de São Paulo) Ricardo Galvão.
O desenvolvimento socialmente justo e sustentável é um dos desafios mais complexos enfrentados pela humanidade em sua história. Visando superá-lo, a ONU (Organização das Nações Unidas) propôs, na Conferência RIO+20, realizada no Rio de Janeiro em 2012, os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS, formalmente instituídos em sua Assembleia Geral, em 2015. Esse documento, também referido como Agenda 2030, é “universal e exige ação de todos os países, pobres, ricos e de renda média, para promover o crescimento econômico inclusivo e o desenvolvimento social, protegendo o planeta”. No entanto, sua implantação está longe de ser simples e, apesar de alguns esforços bem-sucedidos, poucas nações têm tomado as medidas necessárias para alcançar esses objetivos.
Um fator que tem dificultado a implantação da Agenda 2030, além dos entraves econômicos e da resistência de grupos de interesse, é a ausência do conhecimento científico e tecnológico moderno na formulação de políticas públicas. Em documento publicado em 2016, o Conselho Científico Consultivo do Secretário-Geral da ONU realça o papel crucial da ciência para o desenvolvimento sustentável, afirmando que “as políticas de desenvolvimento sustentável devem ser ancoradas nos melhores conhecimentos e práticas científicas disponíveis dos seres humanos”, e que “a criação de conhecimento científico e as plataformas de tomada de decisão política devem estar, a este respeito, intrinsecamente ligadas”.