O cenário típico de uma eleição na qual um presidente concorre à reeleição é simples: um referendo sobre o incumbente. Enquanto um candidato sem experiência no cargo pode ser uma tábula-rasa sobre a qual diferentes eleitores podem projetar seus desejos e esperanças, após um mandato cumprido ele não pode se esconder do seu próprio desempenho ou da conjuntura econômica. Seja ele responsável por esta ou não, o julgamento do eleitor o espera.
Isso coloca um desafio particularmente agudo para aqueles que foram eleitos como “caras novas”, em contraposição a um dado establishment político. Parece impossível repetir a estratégia na posição de presidente, que é a própria encarnação daquele establishment. Mas e se o presidente em questão se recusa a abandonar o papel de insurgente? Isso acaba por embaralhar o cenário, e arrisca interferir com o funcionamento das eleições como mecanismo disciplinador do comportamento dos políticos.