A enésima “crise institucional” desencadeada pelo presidente Jair Bolsonaro foi pelo seu indulto ao deputado Daniel Silveira, anunciado no dia 21 de abril, ao arrepio da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), no dia anterior, de condená-lo à prisão por ameaças a ministros do tribunal. Esta pode parecer apenas mais uma dentre as tantas, mas ela coloca em evidência um subtexto fundamental deste ano eleitoral tão atípico: a busca do bolsonarismo por imunidade.
Essa preocupação em obter proteção é explícita – seja nas inúmeras vezes em que o próprio Bolsonaro manifestou sua obsessão com a possibilidade de ser preso, como em iniciativas de seus apoiadores buscando anistia preventiva. Ela seria apenas uma curiosidade, não fosse o fato de que é a força-motriz de toda a estratégia do bolsonarismo para as eleições. Mais ainda, ela revela uma das tensões mais perigosas para as instituições democráticas: a existência de um dilema entre paz e justiça.