A resposta do Brasil à pandemia da covid-19 é um completo desastre: para confirmar o que vemos todos os dias, o think-tank australiano Lowy Institute acaba de ranquear o país como o pior na área, entre as 98 nações avaliadas. Poderíamos citar diversos exemplos da contribuição do governo de Jair Bolsonaro para esse trágico desempenho, mas todos eles nos levam inapelavelmente a um enigma: por que um governo se recusa a enfrentar um problema — e, pior, o agrava persistentemente —, quando nada poderia ter maior valor político do que solucioná-lo ou ao menos amenizá-lo?
Incompetência e descaso são, sem dúvida, parte da resposta — tal como ilustrado pela presença de um ministro da Saúde que admitiu desconhecer o que é o SUS (Sistema Único de Saúde). Mas, a meu ver, existe um fator adicional, que interage com a inépcia e potencializa o seu impacto: a preguiça.
De fato, é notável como, no mais das vezes, sempre que confrontados com escolhas sobre qual caminho seguir, o presidente Bolsonaro e os membros de seu governo optam pelas de menor esforço. Milhares de mortos? “Quer que eu faça o quê?” Falta oxigênio em Manaus? “Não é nossa atribuição”. Comprar vacinas? “Pra que essa ansiedade?” E não é só no âmbito da covid-19: “não posso fazer nada” é um refrão corriqueiro do presidente.