O presidente Jair Bolsonaro já deixou claro que pretende colocar a eleição presidencial de 2022 sob suspeita. A cantilena do voto impresso nada mais é do que a desculpa da hora: não resta dúvida de que, fosse a medida adotada a despeito das dificuldades logísticas, isso não evitaria as acusações de fraude. Afinal, Donald Trump mostrou em 2020 que cédulas de papel não são qualquer obstáculo para narrativas conspiratórias.
Essa perspectiva tem levado à pergunta de se teremos uma eleição normal no ano que vem, ou se algo como uma versão tupiniquim do 6 de janeiro norte-americano virá a se concretizar.
Se haverá uma insurreição à moda trumpista ou não, é impossível saber. Afinal de contas, a ocorrência de tal evento depende, para não irmos mais longe, de Bolsonaro perder as eleições – o que está longe de certo. Mais ainda, provavelmente requer uma derrota relativamente apertada, que possa tornar minimamente sustentável o grito de fraude.