Na semana passada, saíram os dados com o perfil racial das vítimas no novo coronavírus nos Estados Unidos, confirmando aquilo que já esperávamos: se o vírus não respeita hierarquias de classe social e raça, ele se instala em sociedades altamente influenciadas por tais fatores, e a consequência disso estamos começando a perceber nos resultados desiguais dos efeitos sobre a saúde das pessoas.
Chamou atenção das autoridades locais e estaduais o número de mortes entre a população afro-americana. Na pequena Nova York (geograficamente falando), a grande maioria dos casos se concentram nas regiões do Queens e Bronx (bairros de negros e latinos), chegando cada distrito a quase a metade de Manhattan, onde moram as elites da cidade.
Em Milwaukee, onde a expectativa de vida média dos negros é 14 anos menor do que a da população branca, chega na faixa de 81% a porcentagem de afro-americanos mortos. Lá a população negra perfaz 26% dos habitantes. Assim como em Nova York, pessoas negras que buscam atendimento nos hospitais de Milwaukee encontram com um velho inimigo da sua saúde: o racismo estrutural. Diversos são os relatos das pessoas que são orientadas a voltarem para casa e se auto-medicarem.