Nesse último sábado, a ciência econômica perdeu um de seus grandes expoentes das últimas quatro décadas: Alberto Alesina, professor em Harvard há mais de trinta anos, faleceu de um súbito ataque cardíaco, aos 63 anos de idade. Eu, como tantos outros de seus ex-alunos, perdi um amigo e mentor, de extraordinária generosidade humana e intelectual. Pensei que algum dia escreveria uma coluna louvando sua trajetória em função de um Prêmio Nobel, pela criação do campo da economia política em sua versão moderna. Sinto ter de fazê-lo agora, in memoriam, mas nada melhor, neste momento, que celebrar seu enorme legado.
O termo “economia política” (“political economy”, em inglês) é tão antigo quanto a economia enquanto disciplina intelectual. De fato, era o nome de batismo desta, como ilustrado por obras clássicas como “On the Principles of Political Economy and Taxation” (1817) de David Ricardo ou pelo Journal of Political Economy, que foi fundado em 1892 e segue sendo um os periódicos de maior prestígio para os economistas.
Ao longo dos anos, porém, conforme a economia se desenvolvia com um campo autônomo das ciências sociais — adquirindo no processo o instrumental matemático que veio a caracterizá-la como tal — o termo ficou relegado a uma perspectiva mais voltada para o passado que para a fronteira do conhecimento. Quando comecei meus estudos na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), há já muitos anos, as disciplinas de Economia Política 1 e 2 (“EcoPol”, para os íntimos) tratavam de autores clássicos como Adam Smith, Karl Marx e o próprio David Ricardo. Muito interessante, porém mais como alicerce intelectual que como área ativa de pesquisa.