Num passado distante – digamos, por volta de 2009 – uma revolução tecnológica de proporções históricas consolidava-se no cenário mundial da mídia e da disseminação da informação em geral. Sim, já nos havíamos então habituado à chegada da Internet e da World Wide Web, em particular. Mas o alcance dessas novidades (e da transformação por elas engendrada) estava sendo potencializado pela ascensão conjunta de fenômenos mais recentes: a banda larga, os smartphones e as redes sociais.
Naqueles tempos inocentes, as perspectivas do impacto político e institucional dessa revolução não poderiam ser mais promissoras. Há muito sabíamos da importância da mídia no âmbito político, como propagadora das informações sem as quais a participação dos cidadãos, e sua capacidade de monitorar o comportamento dos governantes, tornam-se débeis. A Internet havia multiplicado em ordens de magnitude a disponibilidade de informação, e os smartphones agora colocavam tudo isso no bolso, e na ponta dos dedos, de um número crescente de pessoas.
Mas, parafraseando os infames infomerciais dos anos 1990, não é só isso! As tecnologias de mídia convencionais – rádio, TV, jornais impressos – também democratizaram o acesso à informação, cada uma em seu momento. Elas, porém, impunham barreiras enormes à produção e à disseminação de conteúdo. Pouquíssimos controlavam o acesso a essas mídias convencionais e, portanto, concentravam enorme poder político. Isso não poderia ser mais claro do que em regimes não democráticos, que faziam da censura e do controle da mídia um elemento central de sua autopreservação. No entanto, mesmo em democracias consolidadas a questão do poder midiático estava sempre na ordem do dia.