“Latifúndio” é um termo de origem latina que inclui e condensa as noções de latus, “amplo, espaçoso e extensivo”, e fundus, cujo sentido é o de “fazenda”. Já “plantation” foi o termo usado para nomear os domínios ingleses no ultramar e que depois a historiografia generalizou para as demais colônias, mas cujo significado era basicamente o mesmo: uma propriedade rural de grande extensão, muitas vezes formada por terras mal cultivadas ou exploradas, com a utilização de técnicas rudimentares e pautadas no suposto do uso depreciativo da terra e com baixa produtividade.
Tanto na época do predomínio da cana-de-açúcar na região Nordeste do Brasil (durante os séculos 16, 17 e 18) como no contexto da cultura do café, cujo predomínio data de meados do século 19, o padrão da “agroindústria” foi se modificando, e os proprietários, além de herdar, compravam terras. Já o poder de mando do senhor sobre suas terras e aqueles que nela habitavam seguiu basicamente semelhante. É fato que foi se consolidando, em poucas províncias, e de forma paralela, uma economia interna baseada em pequenas e médias propriedades. No entanto, e ainda assim, a formação e ascendência desses grandes mandões locais manteve-se pouco alterada.
O modelo colonial que se desenvolveu no Brasil combinava, portanto, e majoritariamente, mão de obra escrava com a grande propriedade monocultora, o personalismo dos mandos privados e a (quase) ausência da esfera pública e do Estado. Esse grupo conformava uma espécie de “aristocracia meritória” recente, e não “hereditária” como era a europeia, uma vez que seu predomínio advinha da concentração da riqueza e do poder.