Semana passada, o Facebook deletou 196 páginas e 87 perfis de sua rede, muitos deles ligados ao MBL (Movimento Brasil Livre), uma operação que foi muito influente na política brasileira nos últimos quatro anos, ajudando a derrubar uma presidente e a proteger outro, elegendo políticos, atacando artistas, jornalistas, ativistas e professores e incendiando o debate político e cultural no país. A ação da empresa americana gerou polêmica e fez com que o MBL a acusasse de censura, viés esquerdista e de perseguir o pensamento de direita. Trata-se de uma simplificação, como aliás costumam ser as polêmicas que bombam no Facebook.
A verdade é que o MBL só existe por causa do Facebook. A operação, criada em 2014 pelo enrolado advogado Renan Santos para derrubar Dilma Rousseff, só pôde nascer porque se apoiou na infraestrutura em rede criada pela empresa de Mark Zuckerberg. E essa infraestrutura tinha brechas. Renan e sua turma, assim como muita gente no mundo todo, dos agentes hackers de Vladimir Putin aos marqueteiros da Cambridge Analytica, cresceram explorando vulnerabilidades da rede social mais influente que existe.
A principal dessas vulnerabilidades surgiu em 2009, quando o algoritmo do Facebook passou a usar critérios sociais para decidir o que é relevante e o que não é. Se um monte de gente ao mesmo tempo compartilha algo, o Facebook conclui que aquilo deve ser importante, e aí leva esse conteúdo para mais gente ainda. O conteúdo é mais favorecido se for compartilhado por um grande número de páginas, cada uma delas com muitos seguidores: isso leva o Facebook a acreditar que um número grande de organizações influentes deram valor para aquilo.