A adoção de políticas baseadas em evidências empíricas está crescendo no mundo todo. Infelizmente o Brasil ainda encontra-se na lanterna, tanto em avaliação das suas políticas públicas como no uso de evidência para subsidiá-las. Diversas discussões recentes como a redução da maioridade penal, a reforma trabalhista, subsídios a montadoras de automóveis, ou a reforma do financiamento de campanhas políticas se dão no vácuo de evidências e avaliações.
A partir de hoje começo a escrever esta coluna no Nexo onde discutirei temas atuais relacionados a políticas públicas. O foco será em aspectos econômicos e evidências empíricas do Brasil e do mundo. A discussão incluirá temas variados, tais como redução da pobreza, melhoria da qualidade da educação, controle da corrupção, aumento da produtividade das empresas, melhoria na qualidade da saúde, e redução da criminalidade e violência.
O principal desafio quando falamos de políticas públicas é saber o que funciona e por que funciona. No debate brasileiro há muito achismo e ideologia, e pouco uso de dados e evidência robusta. O que quero dizer com evidência robusta? Para falar sobre impactos de políticas públicas precisamos falar de causa e efeito. Ou seja, precisamos atribuir a uma política alguma ação que faz com que as pessoas mudem de comportamento após uma intervenção. O principal desafio do trabalho empírico é isolar essa relação de causa-efeito. Em estudos controlados feitos em laboratório, essa análise é feita por meio de experimentos. Nas ciências sociais, por outro lado, isolar essa relação de causa-efeito é mais difícil. Como podemos fazer isso?