Assistíamos empolgadas à mesa “Primeira pessoa”. Quando a colunista Ana Paula Lisboa comentou que “se não teve privilégios, teve os encontros que me proporcionaram cursar a universidade”, eu e minha amiga iniciamos uma conversa paralela. “Final Feliz é o nome de uma favela no Rio de Janeiro que pouca gente conhece. O acesso é de bote. As casas são de palafita. O lugar é assustador em termos de miséria, desumanização, entre elas a presença do tráfico”. Senti um arrepio imaginando como um lugar com características tão aterrorizantes poderia se chamar “Final Feliz”. Eu perguntei a ela: final feliz para quem? Olhamos uma para outra com cara de pois é. Era um lindo domingo de sol. Continuamos, atentas, ouvindo os palestrantes.
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Na semana passada, entre 6 e 11 de novembro, aconteceu no Rio de Janeiro a Festa Literária das Periferias. Em sua sétima edição, o evento que apresentou como tema “Cais do Valongo: a negritude brasileira”, reafirmou-se como um espaço político voltado para a visibilização das juventudes negras como produtoras de conhecimento e de projetos democráticos para a sociedade brasileira. Em seis dias de programação intensa, a #flup2018 trouxe mesas de debates, performances, além dos campeonatos nacional e internacional de slam, a poesia falada que representa um dos principais ícones de trabalho intelectual inovador e que se liga ao acesso de jovens negros às universidades públicas.