Margot era o nome das duas. Nome forte, de rainha, Margot é também uma variante francesa e inglesa de “Margarida”, um termo que vem do latim (“Margarita”), que por sua vez se origina do grego, “margarítes” ou “maragon”, cujo significado remete a “pérola” ou a “seres especiais”. Pois minha coluna é dedicada a duas Margots; dois seres muito especiais.
Margot era o nome de minha avó paterna, uma pessoa totalmente fora da curva; adorável. E foi como uma forma de homenagem a ela que batizamos outra criatura maravilhosa, que morou na nossa casa por nove anos. Nesse último caso, trata-se de uma linda Bernese, digna e valente.
Minha avó Margot era, conforme a definição do rabino que oficiou seu enterro, “um caso raro de unanimidade na comunidade judaica”. Ficou famosa a piada que explica como basta um judeu para existirem duas sinagogas: uma para frequentar; outra para dizer: “naquela eu não vou de jeito nenhum!”. Já minha avó, a Vova, fugia a qualquer regra fácil. Mesmo depois de completar 80 anos fazia questão de continuar visitando seus “velhinhos”, conforme ela os definia, e que não tinham com quem celebrar seus respectivos aniversários. Vovó Margot também jamais deixava de acompanhar amigos doentes, tendo sido vista, certa vez, descendo na corrida a rampa do hospital Beneficência Portuguesa, só “para aproveitar a descidinha”.