Como a poesia popular ajuda a enriquecer o ensino de biologia

Esta pesquisa investigou como usar métodos não tradicionais no ensino das ciências da natureza pode facilitar o processo de aprendizado de crianças e adolescentes.

No estudo, poemas populares nordestinos foram abordados durante as aulas de biologia para diversificar o ensino e gerar interesse e identificação dos alunos.

Qual pergunta a pesquisa responde?

Como aprender ciências, principalmente biologia, a partir da poesia popular nordestina?

Por que isso é relevante?

O ensino de ciências hoje, principalmente em escolas públicas, é restrito à assimilação de conceitos e se utiliza de métodos “tradicionais”, em que o professor fala e os alunos ouvem, muitas vezes sem levar em consideração os conhecimentos que os alunos trazem de suas vivências adquiridas fora da escola. Esse sistema tem sido criticado por pesquisadores e professores, pois, além de não ser muito eficiente, desestimula alunos e educadores, dificultando o processo de aprendizagem.

Pensar outros métodos e perceber que as ciências da natureza, sobretudo a biologia, podem ser ensinadas a partir de outras perspectivas, como através das artes e da cultura, é um caminho promissor para melhorar o ensino e também para gerar identificação e reconhecimento dos alunos e dos professores com o que é ensinado. Assim, os alunos conseguem se apropriar desses conceitos e aplicar no seu dia a dia, buscando melhorias para suas comunidades.

Resumo da pesquisa

O estudo partiu de investigação sobre como a cultura popular nordestina, sobretudo a poesia, pode contribuir com o ensino de biologia. O intuito é propor uma educação centrada na interculturalidade, ou seja, que valorize outras culturas no ensino, não apenas a assimilação de conceitos. Para isso, a pesquisa se baseia em concepções de Paulo Freire, como a da construção de uma “educação libertadora”.

Foi investigado como as ideias de biodiversidade na poesia do poeta cearense Patativa do Assaré podem nos ajudar a ver uma “outra” biologia e como sua poesia pode servir como caminho para aprender e ensinar ciência a partir da perspectiva nordestina. Para tanto, foram selecionadas poesias do autor e, a partir delas, foram realizadas análises quantitativas (estatísticas), com softwares específicos de análises textual, e qualitativas.

Quais foram as conclusões?

Os resultados sugerem que a poesia popular nordestina apresenta potencial para diversificar as práticas de ensino em biologia, promovendo uma educação mais conectada às realidades culturais e regionais dos estudantes, além de contribuir para a formação de professores e pesquisadores que valorizem e integrem a diversidade cultural em suas práticas.

Quem deveria conhecer seus resultados?

Professores, pesquisadores, graduandos, pós-graduandos e formuladores de políticas educacionais.

Anderson Eduardo dos Santos é graduado em biologia pela UFS (Universidade Federal de Sergipe) e especialista em Gestão Escolar (Universidade de São Paulo). É aluno de mestrado do programa de pós-graduação em Biologia Comparada da USP e professor de ciências/biologia na rede estadual de educação de Alagoas.

Referências

  • FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Editora Paz e Terra, 2014.

  • FREIRE, Paulo. Política e educação. Editora Paz e Terra, 2019.

  • CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. Multiculturalismo: diferenças culturais e práticas pedagógicas, v. 2, p. 13-37, 2008.

  • DE ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A invenção do Nordeste e outras artes. Cortez editora, 2021.

  • BAPTISTA, Geilsa Costa Santos. Do cientificismo ao diálogo intercultural na formação do professor e ensino de ciências. Revista Interacções, v. 10, n. 31, 2014.

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